2014: Copa do Mundo, grandes obras, uma proposta de “progresso” e a reinvenção de uma memória para a Fortaleza a partir da destruição do que a Cidade tem como tradição. Uma proposta de “modernidade”que nega a história e os afetos construídos cotidianamente entre a população e os espaços de Fortaleza.
O webdocumentário #Vai ter praça foi concebido durante o primeiro semestre de 2014 com a ideia de chamar a atenção para a situação das praças de Fortaleza e para a relação que as pessoas estabelecem com esses lugares, muitas vezes ignorados pelo poder público municipal.
A questão das praças ganha destaque com a construção de um binário que precisaria se desfazer da Praça Portugal, sob a alegação de que o espaço não era frequentado adequadamente, ou que por ser “jovem” demais, não poderia ser considerada como uma área com tradição.
As pessoas não podem continuar perdendo mais espaços verdes para dar lugar aos carros que se amontoam em congestionamentos e viadutos. Precisamos reconhecer que as praças não estão abandonadas pela população, que chega inclusive a adotá-las. As pessoas têm medo da insegurança, mesmo assim fazem atividades físicas, encontram serviços e se reúnem para conversar nas praças, como será percebido nas matérias apresentadas no webdoc. As pessoas estão nas praças e querendo aproveitá-las, vivenciá-las.
Nesse contexto, os alunos das disciplinas de Comunicação em Novas Mídias, Laboratório de Jornalismo Multimídia e Introdução às Técnicas Jornalísticas - Web, dos cursos de Sistemas e Mídias Digitais e Jornalismo da Universidade Federal do Ceará, trabalharam juntos para construir um material que grita que “Vai ter praça!”. Porque elas estão vivas, elas pulsam nas vias de Fortaleza. Porque elas pedem socorro em casos de abandono. Porque elas fazem parte do cotidiano da Cidade, porque guardam registros de memória e de uma afetividade construída nos espaços públicos.
Durante os meses de abril, maio e junho, os alunos percorreram as praças do Ferreira, Portugal, Gentilândia, José de Alencar, 13 de Maio, Passeio Público e mais as praças dos bairros Messejana, Luciano Cavalcante, Carlito Pamplona, Cidade 2000, Cidade dos Funcionários e Parangaba, e descobriram uma outra cidade. O medo, a insegurança e o preconceito foram vencidos e uma Fortaleza desconhecida lhes foi apresentada: as praças são lugares plurais, em que convivem pessoas em situação de rua, artistas, vendedores ambulantes, transeuntes, prostitutas, fieis…
A praça como lugar de encontro, de vivências e afetos, essa é a Fortaleza que apresentamos a você nos textos, fotos, vídeos e infográficos do #Vaierpraça.
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