Um exemplo. É assim que alguns cidadãos de Fortaleza definem as mudanças realizadas no Passeio Público, no Centro, nos últimos anos. Antes um local efervesceste em cultura, o centro da cidade conta hoje com movimentações pontuais no fim de semana, nas feiras próximas à Catedral Metropolitana e ao Mercado Central. Mas, aos poucos, a cidade vai redescobrindo os encantos do logradouro, que conta algumas manifestações culturais em toda sua extensão.
Planejado por Silva Paulet, em 1820, e construída pelo governador Dr. Fausto Augusto de Aguiar, o espaço foi inaugurado em 1864, com espaço para patinação - o mesmo costume pode ser visto 150 anos depois em diversos espaços pela cidade, como o calçadão da Praia de Iracema e a praça do Polar, no bairro Barra do Ceará - chafariz central e a caixa d’água, equipamentos ainda existentes no espaço. Hoje, o espaço, que também é chamado de Praça dos Mártires, está totalmente revisado, a partir de uma ampla reforma que ficou pronta em 2007.
“Venho toda semana. Ou venho para fotografar ou para encontrar amigos. Depois que foi reformado, não conheço outro espaço na cidade tão plural quanto aqui [o Passeio Público]. Deveria servir de exemplo para que a Prefeitura fizesse mais espaços como este”, falou o fotógrafo Davi Barros, de 23 anos.
Para a bacharel em Direito Paloma de Sousa, de 29 anos, o espaço sofreu mutações e agora agrada diversos públicos. “É um espaço muito agradável. Lembro que há uns 10 anos ninguém podia vir pra cá, tinha medo de assaltos e queria ficar longe da prostituição existente no local. Agora, não consigo ter medo. Sempre tem guarda municipal e o carro do Ronda passa sempre”, contou.
Já para o funcionário público Lucivaldo Lima, de 64 anos, o espaço poderia ter ainda mais atenção da Prefeitura de Fortaleza. “É um espaço legal, sim, mas ainda falta muito para chamar ainda mais os cidadãos. É só olhar para a limpeza do local, para a fonte que não funciona e os bancos enferrujados”, alertou.
Antes, o espaço destinado ao Passeio Público ia do que é hoje a rua Dr. João Moreira até a Praia Maceió, onde ficava o antigo ancoradouro. As mudanças são constantes. A primeira data de 1879, quando os três planos da praça foram refeitos e separados por paredões, dividindo as três classes sociais (alta, média e baixa).
Na virada do século, diversas praças foram criadas em bairros adjacentes, como Jacarecanga, Benfica, Praia de Iracema e Aldeota, criando novas alternativas de lazer na capital cearense. Com isso, o Passeio Público começou a ser ocupado por diferentes classes sociais da época, como pessoas de baixa renda, soldados, prostitutas e indigentes.
Tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1965 (hoje também pelos poderes municipal, estadual e federal) foi berço de diversas manifestações e grupos artísticos. Também é local dos famosos assassinatos aos revolucionários da Confederação do Equador.