É quase impossível andar pela avenida 13 de maio e não reparar na Praça da Gentilândia. Em uma zona rica em cultura e com grande movimento de pessoas, o equipamento, situado no bairro de mesmo nome, é ponto de encontro de amigos, idosos, skatistas, universitários e gente que busca fazer algum esporte na quadra do local. Apesar dos inúmeros relatos da violência no local, é possível perceber uma forte identificação afetiva dos frequentadores com o local. Quem vai pela primeira vez garante que volta à praça.
“Nunca vi e estou até surpresa. Tem bastante gente. Pensava que estava mais abandonado”, exalta a universitária Giselle Fonseca, de 19 anos, que garantiu que tinha um certo “preconceito” com a praça.
Além do receio em torno da praça, a estudante faz parte de uma parte da população que confunde a praça da Gentilândia, situada entre as ruas Marechal Deodoro e Santo Antônio, com a praça João Gentil, entre a João Gentil e a Nossa Senhora dos Remédios. “Eu realmente achava que a outra era a Gentilândia. Descobri hoje que essa é”, revela Giselle.
O nome da praça se dá por conta do sobrenome "Gentil", família que durante vários anos foi dona de terrenos na região. Um deles, inclusive, foi comprado pela Universidade Federal do Ceará (UFC), que adquiriu uma mansão do patriarca José Gentil Alves de Carvalho. O prédio hoje dá lugar à Residência Universitária, na Rua Paulino Nogueira. Outro prédio que era de propriedade de Gentil era o que é hoje a Reitoria da UFC.
Hoje, a praça abriga diversas tribos. O fluxo principal começa no fim de tarde, quando termina o expediente de trabalhadores e as aulas de estudantes de colégios e universidades próximos à praça. “O pessoal vem sempre por volta das cinco da tarde. O mais curioso é que quando dá oito horas esse movimento volta a aumentar”, comenta o chapeiro de uma barraca de venda de comidas típicas José Gomes, de 21 anos.
Apesar do alto número de frequentadores, a insegurança é um fator alarmante no local, segundo apurou a reportagem em conversa com comerciantes e ambulantes da região. “Trabalho aqui há três anos e sempre tem épocas diferentes. Já foi mais seguro, mas também já foi muito pior. Mas ninguém fica sossegado por aqui, é muito ruim”, afirma a cozinheira Juliana Goes, de 27 anos.
Apesar do medo da população, a praça continua sendo frequentada. “Muita gente vem todo dia. Muito pai de família e crianças. Nessa hora [fim da tarde] tem o pessoal da universidade. De noite as famílias”, fala o chapeiro Hernandes Silva.
Sobre a segurança, Hernandes comenta que não é ruim por conta do movimento. “Em dia de jogo tem a Polícia e a gente se sente tranquilo. Quando é jogo de times rivais, é ruim, mas tem mais policial”, conta.
“Ultimamente o movimento está fraco. Depois desse aumento de assalto, morte, o movimento caiu. Está tendo muito assalto. Ontem mesmo teve um”, conta Lívia de Sousa, funcionária de uma sorveteria situada na Praça da Gentilândia.
Para ela, a falta de movimento em alguns horários facilita a ação de bandidos. “Tenho mais medo pela manhã, quando chego. Não tem ninguém na rua. Ali na outra praça tem uns policiais, mas não dá em nada”, comenta.