Praça José de Alencar sofre com abandono e presença de diversas atividades ilícitas

Se há um lugar onde quase de tudo pode ser visto em Fortaleza, esse lugar é a Praça José de Alencar, entre a rua General Sampaio e a avenida Tristão Gonçalves. Antes um ponto de encontros e base para o teatro mais importante da cidade - que dá nome à praça - hoje o local serve como ponto para várias atividades ilegais, como “estúdios” improvisados de tatuagem ao ar livre e, literalmente, no chão, venda de drogas, além da presença de várias pessoas em situação de rua morando na praça.

De um lado, uma praça abandonada. Do outro, um dos mais belos equipamentos culturais do Ceará. Quem passa pelo local fica admirado com a falta de estrutura da praça. Um dos motivos apontados por alguns frequentadores da praça é a reforma do Theatro José de Alencar, iniciada no fim de 2013 e orçada em R$ 2,3 milhões. As intervenções passam pela recuperação e pintura geral do prédio, edificação - alvenaria, estruturas de ferro, pisos, portas e janelas -, até a requalificação do jardim e do sistema de prevenção de incêndio. O prazo para a finalização da restauração termina em agosto deste ano.

Para Juliana de Souza, de 17 anos, a praça tem potencial para ser reocupada. “Aqui tem muito verde, é grande e é um ponto central para várias locais da cidade. Infelizmente não podemos passar mais do que 10 minutos aqui sem nos assustar com alguma coisa”, afirma a estudante, que precisa passar pelo local todo dia a fim de chegar ao colégio onde estuda.

No local, o que pode se perceber é a forte presença da ilegalidade. Na visita, a reportagem constatou a presença de pelo menos 5 pessoas que fazem tatuagens a céu aberto, sem a menor preocupação com a saúde de quem é tatuado. Não foi visto, em nenhum momento, o uso de qualquer norma de segurança da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). As tatuagens chegam a ser feitas por até R$ 15.

Apesar da presença de garis no local, é grande a acumulação de entulhos, copos descartáveis e papeis pelo calçadão da prala. Para o artista Lúcio Vieira, de 62 anos, o local era mais bem conservado, mas vem sendo descuidado nos últimos anos. “Fico aqui há anos, mas hoje em dia está insuportável. Só faço meu número por aqui porque muita gente já me conhece. Se eu for pra outro local, posso achar concorrência”, lamenta.

Enquanto esteve no local, a reportagem foi hostilizada por duas pessoas, que não quiseram que imagens fossem feitas do local. Enquanto isso, dois homens vendiam drogas livremente no centro da praça, sem nenhum pudor em divulgar a venda do produto em voz alta. Segundo a vendedora de uma loja de confecção situada em frente à praça, que não quis se identificar, a atividade é constante no local e a agentes da Polícia Militar costumam passar pelo local, mas não realizam nenhuma ação combativa. Também pudemos ver casas improvisadas no local, onde pessoas instalaram sofás, camas e até mesmo fogão a gás, virando uma verdadeira sala de estar.

Histórico

Na ocasião da construção da Praça do Ferreira, toda praça de Fortaleza tinha dois nomes: um para o espaço comum e outro para o Jardim. . A praça do Ferreira tinha o jardim Sete de Setembro; a Praça Caio Prado, ou da Sé, tinha o jardim Pedro Borges, por exemplo. Já o que hoje é chamada de Praça José de Alencar era chamada de Marquez do Herval, onde tinha o Jardim Nogueira Acióli, inaugurado em 1903, na administração de Guilherme Rocha.

Durante vários anos, a Praça José de Alencar foi um dos principais pontos de ônibus da cidade. Já em 1960 se falava da retirada do tráfego de ônibus pelo local. Com a entrega da Praça da Estação, em 1971, 14 linhas foram transferidas. Em 1979, aconteceu a primeira reforma no local.

Ao redor da praça, ficam a Superintendência Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o edifício Philomeno Gomes (antigo Lord Hotel), a Igreja Nossa Senhora do Patrocínio e o Centro de Especialidades Médicas José de Alencar (Cemja). Também é o local onde funcionava o antigo e histórico Beco da Poeira.

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